Web Environment Integrity - mais DRM para a Web
Avisámos dos perigos de aceitar DRM na Web, e infelizmente os nossos medos confirmaram-se: espalhou-se um pouco por todo o lado (até ao arrepio da lei, como é o caso da actual utilização de DRM no site da RTP), trouxe violações à privacidade de quem navega na web, e a Google acabou a dominar o mercado, tanto de browsers, com o Chrome, como de DRM providers, com a Widevine.
Mas todo esse controlo não é “suficiente”, quando se pode ter mais, e a Google não se contenta com o que tem. Para aumentar o controlo que tem - sobre quem publica sites, o software para os publicar, o software para os visitar e quem os visita - está a propor agora o “Web Environment Integrity”, uma nova forma de DRM para a Web.
Ao contrário do que se passou com o EME, no WEI a Google não tentou primeiro submeter isto à W3C, passando logo para a fase de implementação - os browers Chrome e Chromium já começaram a incluir parte desta proposta, e a W3C comunicou a sua posição neutra até que haja uma submissão formal. A desculpa que se dá é a do negócio dos anúncios: de como há tanta gente que faz sites com anúncios à espera de ter aí o seu ganha-pão (e, lembremo-nos, a Google tem 39% do mercado da publicidade na web), mas depois há quem instale “ad blockers” para não ver anúncios. O WEI vem “impedir isso” - os sites para serem vistos têm de ser vistos por navegadores cuja integridade é validada. Na prática, isto significa que estes sites só vão funcionar com os browsers aprovados e extensões aprovadas. Como é dito no Defective By Design,
Vai ser usado por governos para garantir que apenas os seus navegadores oficialmente “aprovados” (leia-se: com backdoors) podem aceder à Internet; vai ser usado por corporações como a Netflix para aumentar a Gestão Digital de Restrições (DRM); vai ser usado pela Google para negar acesso aos seus serviços a não ser que esteja a usar um navegador que aumenta a sua margem de lucro.
Tudo isto e muito mais passa a ser possível com a implementação de WEI na Web, e a troco de nada: quem navega na web só tem a perder com esta nova tecnologia. Temos todas as razões para dizer ‘NÃO’ ao WEI, e nenhuma para achar que pode ser uma boa ideia.