DRM PT

Spore

Um comprador do Spore diz:

Comprei o Spore no dia em que saiu. Normalmente, testo os jogos antes de os comprar, mas estava tão excitado com o lançamento do Spore que apenas saí e comprei-o. Para meu desapontamento, o jogo não só era decepcionante de tão básico para tentar abranger uma maior audiência, como também continha o invasivo e draconiano DRM SecuROM. Assim, fico com um jogo medíocre e um mau sistema a viver no meu computador e que é impossível de remover.

O SecuROM ofendeu tanto a comunidade de partilha de ficheiros que uma versão sem o DRM do jogo estava disponível mesmo antes do lançamento do jogo. Desde então, tornou-se um dos jogos mais descarregados de todos os tempos.

O que se torna mais execrável em toda esta história é que enquanto ela destaca os piores aspectos do DRM, ele poderá aparentar o oposto aos executivos da EA — este jogo, medíocre, teve um número de downloads ilegais tão grande como resposta directa aos passos que foram tomados para prevenir a sua cópia.

Duvido que a ironia vá fazer muito para mudar a injusta implementação de DRM usada pelas inústrias de jogos, música e filmes contra os seus clientes.

Um defensor do Software Livre comenta

Há muito muito tempo atrás — enquanto esperava pelo lançamento do Duke Nukem Forever — ouvi rumores de um jogo, um jogo tão maravilhoso e revolucionário no seu conceito que eu sabia que teria de o jogar. Este jogo não só seria um simulador de vida, onde poderia criar uma criatura e guiar a sua evolução durante os vários estados, criando uma maravilhosa e única criatura com os seus prórios comportamentos e uma aparência completamente única.

Eu sabia que tinha de jogar este jogo. O Spore entrou imediatamente na minha lista de jogos “a jogar”, tal como o DNF. Com entusiasmo, esperei por todas as notícias sobre ele que poderia obter.

O tempo foi passando — anos mais tarde eu tornei-me algo como um defensor do software livre (principalmente graças ao “Windows Genuine Disadvantage” recusando a activação da minha cópia legítima do Windows) — comecei a usar o GNU/Linux como Sistema Operativo principal e recorrendo ao Windows apenas para o jogo ocasional, quando este não corria sobre o Wine (coisa que vem acontecendo cada vez menos frequentemente).

Descobri uma quantidade enorme de fantásticos jogos de Software Livre: Tremulous, Alien Arena e o brilhante Scorched3D para falar de alguns. Descobri que um dos meus jogos favoritos de todos os tempos, Star Control 2, foi lançado como Software Livre e está agora disponível para quase todas as plataformas com o título “The Ur-Quan Masters”.

A informação sobre o Spore escasseava ao longo dos tempos, até que no início deste ano a EA anunciou que o Spore seria lançado com o muito odiado sistema de DRM conhecido por “SecurROM”, com um conjunto particularmente nefasto de regras aplicadas:

O Spore só se validaria “falando para casa” a cada dez dias, e apenas permitiria a sua instalação três vezes. O anúncio causou muito furor, com muitos a dizer que, com essas condições, não comprariam o jogo.

A EA respondeu cedendo um pouco nas restrições. Continuou a haver muita gente a refilar, com muitos, incluindo eu, a dizer que não iriam comprar um jogo com qualquer tipo de DRM, especialmente, o SecuROM, que é conhecido como causador de problemas nalguns sistemas e é notoriosamente difícil de remover, mesmo após a desinstalação do jogo.

Decidi que não queria mais o Spore.

Eventualmente, o Spore foi lançado.

Houve mais uma grande revolta contra o DRM que vem com o jogo: foi lançada uma campanha para votar negativamente o jogo na Amazon, com centenas de reviews negativas a aparecer e a dizer que o DRM era inaceitável.

Pessoas processaram a EA, porque em lado algum na documentação do jogo há menções quanto a instalação do SecuROM em conjunto com o jogo.

Apesar de dizer na caixa que o comprador pode ter múltiplas contas na mesma cópia do Spore, isso não foi suportado inicialmente — se o meu irmão e eu quisessemos ambos jogar o Spore no mesmo PC e ter cada um o seu perfil, a EA queria inicialmente que comprássemos duas cópias do jogo!

Depois, as reviews negativas começaram a aparecer: parece que todas as coisas boas que me faziam realmente curioso em jogar este jogo não chegaram a ser lançadas na versão final, e o jogo era afinal e essencialmente quatro jogos medíocres em um, e desenvolver a tua criatura de várias maneiras fazia pouca ou nenhuma diferença no desenvolvimento do jogo em níveis posteriores.

No meu caso, acabei por não sofrer as consequências do Spore — fui dos sortudos que soube evitar tudo o que traz DRM, mas sinto pela pelos pobres infelizes que tiveram malware (SecuROM) instalado no seu sistema pela EA — tudo para jogar um jogo medíocre que não cumpre o que promete.

Esta semana houve um artigo a apontar o facto que o Spore foi o “Jogo Mais Descarregado de 2008” — existe agora um vigoroso debate sobre se isso foiou nãouma resposta directa ao DRM incluído no jogo.

Várias pessoas apontaram para o facto que algumas pessoas descarregaram Spore para conseguirem jogar o jogo que legitimamente possuem graças aos problemas com o DRM. Há algo que é abundantemente claro com isso, contudo:

O DRM não funciona: não impede as pessoas de copiar o jogo e, neste caso, está actualmente a encorajar as pessoas a fazerem-no, visto que as cópias funcionam melhor que o original!

O Spore foi o mais mediático, mas todos os jogos lançados pela EA depois dele (Mass Effect, Dead Space, etc.) têm DRM.

Por enquanto pelo menos, parece que a EA sabe que está a fazer um grande erro mas não está disposta a corrigi-lo.

via 35 Days Against DRM — Day 10: Spore